A Igreja é nossa mãe. Foi ela que logo à nossa entrada na vida, nos recebeu com carinho maternal e tirou de nossa alma a lepra do pecado original, revestindo-nos com a roupa cândida da graça santificante. Nos santos sacramentos ela oferece os meios necessários para que nos conservemos na graça de Deus.
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OS SACRAMENTOS DA IGREJA
1. Batismo -
É através deste nascimento que o homem ingressa na Igreja. Como nos
desenvolvemos da água de dentro das membranas do feto e cuja gestação
proporcionará os meios para nosso nascimento carnal, deve ser imperiosa a
preocupação dos pais em relação aos filhos, ou dos cristãos em relação aos
pagãos, no que se refere ao nascimento espiritual através da água. Sobre
isto, muitas vezes, também nós gostaríamos de fazer a pergunta de Nicodemos:
"Como pode um homem nascer, sendo já velho? porventura pode tornar a entrar
no seio de sua mãe e nascer de novo?" - respondeu Jesus: "Em verdade, em
verdade, Eu te digo: Quem não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar o
Reino de Deus" (Jo 3, 4-5). O nascimento carnal, unido ao nascimento
espiritual são fatores preponderantes para alcançarmos a salvação eterna.
Quando nascemos, já iniciou para nós a eternidade, e essa predestinação só se
concretiza nas águas do Batismo. Eis a nossa responsabilidade frente às essas
duas grandezas. Todas as prefigurações no Antigo Testamento, encontram sua
realização em Jesus, iniciando-se em sua vida pública após ter-se feito batizar
por São João Batista. Depois de sua Ressurreição, confere esta missão aos
Apóstolos: "Ide por todo o mundo, fazei que todos os povos se tornem meus
discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e
ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei" (Mt 28m 19-20). O Batismo
é um banho de água que purifica, santifica e justifica, no qual a Palavra de
Deus produz seu efeito vivificante. Santo Agostinho dirá do Batismo:
"Accedit verbum ad elementum, et fit Sacramemtum" - Une-se a Palavra ao
elemento, e acontece o Sacramento.
2. Confirmação ou Crisma
- Batizados nos primeiros meses de
vida, os cristãos, são representados pelos padrinhos. São eles nossos primeiros
condutores, apresentam-nos no Templo do Senhor, falam por nós. É necessário,
então, que, quando alcançarmos a consciência necessária, confirmemos
espontaneamente tudo aquilo que foi prometido pela boca dos nossos
padrinhos - abraçar os preceitos da Santa Madre Igreja, submeter-nos
inteiramente a Deus. Abraçar a fé envolve amor, e amor implica em renúncia,
renúncia absoluta ao poder do Mal e todas as suas subsequentes obras. Todo o
batizado ainda não confirmado, pode e deve receber o Sacramento da Confirmação.
Pelo fato do Batismo, Confirmação e Eucaristia formarem uma unidade , os fiéis
têm a obrigação de receber tempestivamente este Sacramento, pois que, apesar do
Batismo já ser por si só válido e eficaz, a iniciação cristã permanece
inacabada sem o Sacramento da Confirmação. O ministro da Confirmação é o Bispo.
Embora o Bispo possa, quando houver necessidade, conceder aos presbíteros a sua
administração, é conveniente que ele mesmo o confira, não esquecendo-se que por
este motivo é que essa celebração foi separada temporalmente do Batismo.
Salientando-se que, sendo os Bispos, sucessores dos Apóstolos, receberam a
plenitude do Sacramento da Ordem. Se um cristão estiver em perigo de morte,
todo presbítero pode dar-lhe a Confirmação.
3. Eucaristia - Somos herdeiros
deste tesouro valiosíssimo, que abre defintivamente para nós as portas da
santidade, é o caminho seguro da eternidade. Ninguém é, nem pode considerar-se
digno de receber Nosso Senhor na Eucaristia. Não foi, então, pela dignidade
nossa que Jesus Cristo se decidiu instituí-lo. Assim como esteve nas casas do
pecadores e comia com eles à mesa, assim nos visita na Santa Comunhão para ser
alimento para nossa alma e para nos conceder as graças necessárias para nossa
santificação. Entre as pessoas que se aproximam da Mesa Eucarística há aqueles
que, julgando-se indignos, receiam acercar-se da santa comunhão. Outros não se
preocupam com esta eventualidade. Ao contrário, fazem preparação rápida,
rotineira ou sem atenção alguma. Se estes pecam por excesso de falta de
familiaridade com Deus, os outros não são menos dignos de censura. Pior ainda
são aqueles que se aproximam da comunhão com postura de cristão, mas com
indiferença de pagão. Quem se dirige da comunhão ainda com outras intenções,
que não seja o desejo firme e a resolução sincera de desapegar-se cada vez mais
dos pecados e defeitos, não faz dela o uso que Deus quer. Quem está consciente
de pecado grave, não pode receber a comunhão, sem antes confessar seu pecado
através do sacramento da confissão. São Paulo adverte: "... cada um examine si
mesmo antes de comer deste pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe
sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação" (1cor 11, 27-29).
Diante dessa grandeza, o fiel deve repetir humildemente e com fé ardente as
palavras do Centurião: "Senhor, eu não sou digno de que
entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo". A
recepção freqüente da Santa Comunhão, deve produzir um amor cada vez mais
ardente a Nosso Senhor, inflamar na alma o fervor e a piedade e despertar o
desejo de tornar-se cada vez mais agravável aos olhos de Deus, por uma vida
santa. Que a Sagrada Eucaristia jamais seja para nós motivo de condenação, mas,
como invoca o Sacerdote na Missa: "Sustento e remédio para nossa vida". Mesmo
diante dos nossos pecados e indignidades, renovemos com o coração este pedido a
Deus para comungarmos com plena confiança na sua infinita misericórdia. À
oferenda de Cristo unem-se não somente os membros que ainda estão na terra, mas
também os que já estão na glória do céu, em comunhão com a Santíssima Virgem
Maria, com quem estamos como que aos pés da Cruz, aos santos e santas e também
aos fiéis defuntos do Purgatório para que possam entrar na luz e na paz de
Cristo. "Eu sou o pão vivo, descido do céu. Quem comer deste pão, viverá
eternamente. (...) Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida
eterna. (...) permanece em mim e eu nele", disse Jesus. A Eucaristia
é o maior tesouro que o Senhor deixou aos seus filhos na terra. "A presença do
verdadeiro Corpo de Cristo e do verdadeiro Sangue de Cristo neste Sacramento
'não se pode descobrir pelos sentidos, diz São Tomás, mas só com fé, baseada na
autoridade de Deus'. Comentando São Lucas 22, 19 ("Isto é meu Corpo que será
entregue por vós"), São Cirilo de Alexandria declara: "Não perguntes se é ou não
verdade; aceita com fé a palavras do Senhor, porque ele, que é a Verdade, não
mente".
4. Penitência ou Confissão
- "Aqueles que se aproximam do
sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a
Deus e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja que feriram pecando, e a
qual colabora para sua conversão, com caridade, exemplo e orações. Pela
absolvição do sacerdote, Deus concede aos fiéis o perdão e a paz. São João diz:
"Se dissermos: 'Não temos pecado', enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade
não está em nós" (1Jo 1, 8). A conversão a Cristo, o Batismo, o dom do
Espírito Santo, o Corpo e o Sangue de Cristo recebidos, nos tornaram "santos e
irrepreensíveis diante dele" (Ef 1,4), assim como a própria Igreja, esposa de
Cristo é "santa e irrepreensível" (Ef 5,27). Entretanto, a nova vida
recebida na iniciação cristã, não suprimiu a fragilidade e a fraqueza da
natureza humana, nem a inclinação ao pecado, a que chamamos "concupiscência",
que continua nos batizados para prová-los no combate da vida cristã, auxiliados
pela graça de Cristo. Esse combate, objetiva a conversão para chegar à santidade
e a vida eterna, pelo qual somos incessantemente chamados pelo Senhor. Jesus,
conhecendo as nossas fraquezas, foi extremamente bondoso ao instituir o
sacramento da confissão, conferindo aos Apóstolos e Sacerdotes da Igreja, o
poder de perdoar os pecados.
A contrição perfeita e a imperfeita - Entre
os atos do penitente, a contrição vem em primeiro lugar,e que consiste em
detestar o pecado e a ele não voltar. Assim, quando brota do amor de Deus, a
contrição é perfeita e perdoa as faltas
veniais e também os pecados mortais, desde que inclua aí a firme resolução de
recorrer, quando possível, à confissão sacramental. A contrição
chamada imperfeita (ou atrição) também é um
dom de Deus, um impulso do Espírito Santo. Nasce da consideração do peso do
pecado ou pelo medo de se ir para o inferno ou outras penas que ameaçam o
pecador (Contrição por temor). Este abalo da consciência pode ser o início de
uma evolução interior, que será concluída pela ação da graça também pela
absolvição sacramental. Só que a contrição imperfeita não obtém o
perdão dos pecados graves, mas predispõe a obtê-lo no sacramento da penitência,
ou seja, no confessionário mesmo. Apresentar TODOS os
pecados ao sacerdote - Somos absolvidos plenamente, desde que nos
esforcemos a apresentar os pecados que nos vêm à memória, no esforço de não
ocultar este ou aquele pecado. As pessoas que, conscientemente, tentam ocultar
alguma falta ao sacerdote, não colocam diante da Bondade Divina nada que Ela
possa perdoar em nome do sacerdote. É como ocultar uma ferida ao médico. A
medicina não pode curar aquilo que ignora. Confessar
uma vez por ano - Todo fiel é obrigado a confessar seus pecados
graves, pelo menos uma vez ao ano. Quem tiver a consciência de ter praticado
pecado mortal, não pode receber a Comunhão, mesmo que profundamente contrito.
Deve confessar-se primeiro, a menos que tenha um motivo grave para comungar e
que lhe seja impossível chegar a um confessor.
5.
Unção dos enfermos - É um sacramento destinado a
quem está muito doente. Nestes casos não
devemos limitar o enfermo somente aos cuidados do corpo. Se a doença é grave
e deixa prever o desenlace final, devemos falar-lhe da conveniência ou
necessidade de chamar o sacerdote, para com calma pôr em ordem os negócios da
alma e receber o santos Sacramentos que tanto alívio dão aos pobres doentes. É
um dos preconceitos mais perniciosos e diabólicos que aponta a visita do
sacerdote nesse momento como agouro de morte. O católico verdadeiro, também no
leito de morte, não se assusta com a visita do sacerdote. Pelo contrário, lhe é
uma das visitas mais agradáveis. Se é possível de supor que o doente, aliás
sendo católico, se assuste com a presença do sacerdote, é o caso de ponderar o
que é melhor: Receber os Sacramentos, ou deixá-lo no pecado, concorrendo
assim para uma possível condenação? É preferível que o enfermo, embora se
assuste um pouco, morra na graça de Deus e encontre a salvação. A Igreja
Apostólica conhece este rito, atestado por São Tiago: "Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da
Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração
da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e se tiver cometido pecados,
estes lhe serão perdoados" (Tg 5, 14-15). O Sacramento da Unção dos
Enfermos é conferido às pessoas acometidas de doenças perigosas, ungindo-as na
fronte e nas mãos com óleo consagrado. Não é, porém, um sacramento só daqueles
que se encontram às portas da morte, mas também às pessoas que, no tempo
oportuno começam a correr perigo de morte por doença, debilitação física ou
velhice, ou também, antes de uma cirurgia de alto risco.
Viático - último sacramento do cristão - Além da
Unção dos Enfermos, a Igreja oferece a Eucaristia como viático. É semente de
vida eterna e poder de ressurreição, segundo as palavras do Senhor: "Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei
no último dia" (Jo 6, 54). Assim, os sacramentos da Penitência, Unção dos
Enfermos e Eucaristia como viático constituem, quando a vida cristã chega a seu
término, "os sacramentos que preparam para a Pátria Celeste", ou os sacramentos
que consumam a peregrinação.
6.
Ordem - Ao escolher São Pedro como o
comandante desta embarcação divina, que é a Igreja, o caráter hierárquico foi
transmitido apostolicamente, por desiderato do Senhor, até os tempos atuais.
Só um varão batizado pode receber validamente a ordenação sagrada. O Senhor
Jesus escolheu homens para formar o Colégio dos Doze Apóstolos, e os apóstolos
fizeram o mesmo quando escolheram os colaboradores que seriam seus sucessores na
missão. O colégio dos Bispos, ao qual os presbíteros estão unidos no sacerdócio
torna presente e atualiza o colégio dos doze, até o retorno de Cristo. Essa
escolha foi feita pelo próprio Jesus e, por isso, a ordenação de mulheres não é
possível.
Celibato - Todos os ministros
ordenados na Igreja latina, com excessão dos diáconos permanentes, são
escolhidos entre os homens fiéis que não só vivem, mas querem guardar o celibato
"por causa do Reino dos Céus" (Mt 19, 12). Entregam-se eles inteiramente a Deus
e aos homens, consagram-se com indiviso coração ao Senhor e "cuidam das coisas
do Senhor".
Os graus do sacramento da Ordem - O
ministério eclesiástico, divinamente instituído, é exercido em diversas ordens
que, desde a antiguidade são chamados bispos,
presbíteros e diáconos. A doutrina católica, expressa na liturgia
e na prática constante da Igreja, reconhece que existem dois graus de participação no sacerdório de
Cristo: O episcopado (os Bispos) e o presbiterado (os Padres). O diaconado se destina a
ajudá-los e a servi-los. Por isso, o termo "Sacerdos", designa, na prática
atual, os bispos e os sacerdotes, mas não os diáconos. Não obstante, ensina a
doutrina católica que os graus de participação sacerdotal (episcopado e
presbiterado) e o de serviço (diaconado) são conferidos por um ato
sacramental chamado "ordenação", isto é, pelo sacramento da Ordem.
"Que todos reverenciem os diáconos como
Jesus Cristo, como também o Bispo, que é a imagem do Pai, e os presbíteros, como
o senado de Deus e como assembléia dos apóstolos. Sem eles não se pode falar de
Igreja."
7. Matrimônio - Existe, por princípio, uma
estreita correlação entre os sacramentos do Matrimônio e da Ordem. Se temos
hoje bons e santos sacerdotes, com certeza tais vocações são frutos de instrução
religiosa cultivados desde a infância em meio a matrimônios santos, num ambiente
de fé e constância, não obstante todas as tribulações e aversidades. Por
conseguinte, se temos bons casais que vivem fielmente sua união, certamente seu
estado é conseqüência das orações dos nossos religiosos e sacerdotes e da
instrução religiosa que recebida da Santa Madre Igreja. Isto também pode
representar uma eloqüente expressão do que chamamos "Comunhão dos Santos". Nos
tempos atuais, embora a tendência seja coletiva em tratar tão insigne
Sacramento, primeiramente, como uma convenção social, nós, como cristãos
católicos, não podemos jamais nos afastar das nossas convicções. Sabemos que
trata-se de um compromisso séríssimo, e porque não dizer, gravíssimo. Na
simplicidade ou na pompa, o casal firma um compromisso eterno, uma promessa
feita diante de Deus. Pela sua própria boca, reafirma-se a indissolubilidade já
prescrita por Jesus e, diante d'Ele e para Ele, prometem entre si, acompanhar um
ao outro até o dia da morte, "na alegria, na tristeza, na saúde, na doença, na
dor, etc". O casamento consumado não finaliza num mero cumprimento cerimonial.
Pelo contrário, é quando iniciam as obrigações do casal, especialmente em
relação à educação dos filhos na Santa Religião. Conduzir toda a família nos
preceitos da Igreja para, juntos, alcançar um dia a Pátria Celeste, afinal, a
prioridade de uma família cristã deve ser a salvação da alma. Estabelecendo-se
essa meta, o resto é detalhe, as necessidades temporais são equacionadas pela
graça, em alusão às palavras do Senhor: "Buscai em primeiro lugar o Reino de
Deus e a sua justiça, e o resto vos será dado por acréscimo".
Santa
Margarida, embora rainha, tomou a si a a tarefa de santamente ensinar os filhos
na doutrina cristã e fazendo-os observar nos mandamentos das leis de Deus e da
Igreja. Além disso, ensinava aos ricos e altamente colocados como devem passar
o tempo e de que maneira devem tratar os pobres. Aos cônjuges, ensinava o
devido respeito à Igreja, o zêlo necessário para ouvir a Palavra de Deus,
observar as leis do jejum e da abstinência. Sem os princípios da religião de
Cristo, não é possível nenhum matrimônio subsistir.
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